18 de janeiro de 2012

Trabalhos sobre "O Pensador"



No âmbito do concurso “O Pensador”, recebemos apenas quatro textos de adultos. Aqui ficam eles !


DESABAFOS DO PENSADOR


     O que é que teria passado pela cabeça do meu criador, Auguste Rodin, para me pôr para aqui a pensar há tanto tempo. Sim, porque ele quando em 1889 esculpiu a “Porta do Inferno”, com 180 pequenas figuras, onde eu me incluía, deu-me o nome de “O Poeta”, que além de mais atraente era também muito mais interessante. Depois quando cresci, resolveu chamar-me de “Pensador”, e para aqui estou desde 1922, nos jardins do Musée Rodin. Ora, as pessoas que por aqui passam, fazem quase sempre a mesma observação: — “ Em que é que esta estátua estará a pensar? Nem eu sei!
    Dizem que eu retrato um homem em meditação soberba, lutando com uma poderosa força interior, mas aqui para nós que ninguém nos ouve, isto é conversa de políticos para nos desviarem a atenção da crise económica mundial, da globalização, da fome no Mundo, dos refugiados nos países africanos, do racismo e da xenofobia, enfim, de tudo o que de mal nos atinge.
    De vez em quando ainda escuto as conversas das pessoas que por aqui passam, e há dias fiquei deveras preocupado ao ouvir comentar a uns turistas portugueses, que gostavam muito de uma belíssima vila portuguesa com uma linda praia e a quem o grande poeta português, Luís de Camões, na sua grande obra, “os Lusíadas”, chamou de “bela piscosa”, mas que o grande problema dessa terra era a falta de estacionamento. Depois de muito pensar cheguei a uma conclusão. Já sei como resolver o problema do estacionamento nessa vila: Cimentar toda a praia, dividi-la em pequenos lotes com espaço para as viaturas, o respetivo orifício no chão para espetar o chapéu-de-sol, vias de acesso à água, e eis ultrapassado o grande desejo dos banhistas sesimbrenses: estacionar junto à praia!
    Gostaria que a minha ideia fosse aproveitada por quem de direito, e como ouvi dizer que o edil sesimbrense è “pólvora”, já o estou a ver a “explodir” de entusiasmo com esta minha ideia.
Bom, já estou cansado de pensar tanto e para terminar os meus desabafos, só me resta dizer-vos que “tenho tanto para vos dizer, quem nem vos digo nada!”

Celestino Ribeiro


EM QUE ESTAREI A PENSAR?


    Penso em como me sinto preso neste corpo de pedra e como gostaria de ser livre, percorrer o mundo, poder olhar em todas as direcções e não ver só todos os olhares curiosos dirigidos a mim, ser anónimo no meio de tantos outros e não estar constantemente a ser fotografado sem pudor, poder falar, sorrir, correr, saltar fazer enfim o que me apetecesse!
    Mas, de repente, desperto do sonho e entro em contradição pensando que afinal a vida dos que me observam não é digna de inveja, pois sinto que lhes faltam valores essenciais como o respeito, o sentido de família, a partilha com os outros, e em vez de tudo isso, estas pessoas passam os dias a correr, a tentar ganhar mais que o vizinho, a comprar sempre mais para manter as aparências e apegados a mesquinhices e intrigas venenosas, e apenas alguns, muito poucos infelizmente se preocupam com o outro, com a pobreza, a solidariedade e a difícil situação social e económica actual.
    Por tudo isto, dou comigo a pensar que afinal a minha vida é simples e mantenho-me no meu “posto de observação” privilegiado sentindo-me sortudo por não ser como eles.

                                                                                                                          Cristina Peixoto

Em que estarei a pensar ?

Na passagem do tempo,
Eu penso,
Medito
E invento…
Que será da humanidade,
Perante tanta insanidade?
Que valores,
Sabores,
E amores…
Andamos transmitindo
Aos nossos descendentes?
Se coitados de nós,
Já somos uns dementes,
Frutos de más sementes.
Diz um ditado antigo…
Que já vem detrás
Quem nos empurra,
Seremos todos,
Uns filhos da “Burra”?!


M. Piedade Lopes


Sinto as minhas asas a fechar lentamente, estou a voltar à imobilidade.
Enquanto estavam completamente abertas, permitiram-me vaguear num mundo sem
limites e transmitiram-me uma sensação extraordinária de grandeza e liberdade.

Prof.ª Maria Cruz